Etre poète, éperdument
Groupe Trouvante, Perdidamente (Ser poeta, de Florbela Espanca, mis en musique par João Gil )
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dize-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca, in Terra Firme, 1987
Et c’est t’aimer ainsi, éperdument…
C’est que tu sois en moi l’âme et la vie
Et que je le dise à tous en le chantant.